quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

.Joga fora no lixo! Mas em qual lixo?.

A política de reciclagem no Brasil é freestyle: quem tem fome e disposição sai à rua na caça de latas, papelão e outros artigos recicláveis, cata o máximo que consegue achar e vende barato ao ferro-velho ou cooperativa de catadores mais próxima.

Já aqui na Alemanha, como sempre, a coisa é mais planejada e a “responsabilidade” pelo lixo é dividida e incentivada. Muitas das casas alemãs são equipadas com diferentes lixeiras e a galera separa o lixo entre papel (altpapier = “papel velho”), plástico, vidros e orgânico. A coleta é programada a partir do tipo de material a ser coletado: têm o dia do papel, o dia do orgânico, e por aí vai.

(bolsa reciclável usada para carregar garrafas recicláveis)

Além disso, também é possível encontrar grandes coletoras de lixo espalhadas pelas ruas, geralmente localizadas em pontos estratégicos como cruzamentos de ruas movimentadas. A cultura do cuidado com o lixo aqui é visível a olho nú e provavelmente deve ter sido construída ao longo de anos com projetos de educação ambiental.

Mas nem tudo são flores.

Parte dessa cultura da reciclagem é incentivada no melhor estilo alemão: com grana. Vários supermercados são equipados com máquinas que recebem garrafas de plástico. Cada garrafa depositada garante ao bem feitor 25 centavos de volta. Ao final do processo é impressa uma notinha que quando apresentada ao caixa subtrai o valor do total de suas compras. Show de bola, né? Hoje mesmo troquei as garrafas da foto alí de cima por 2 euros e financiei a sobremesa com essa brincadeira ecologicamente correta.

(símbolo impresso nas garrafas retornáveis)

Porém, apesar de tudo isso, também existe demanda por uma “reciclagem da sobrevivência” por aqui. É possível, e não raro, ver pessoas procurando por garrafas de plástico em lixeiras. Dizem que a maior parte da galera que cata garrafas usa o dinheiro para comprar bebidas, mas não há certeza já que a grana pode ser trocada por qualquer coisa disponível no supermercado. Fato é que o poder de compra dos centavos e a disponibilidade de garrafas colocam a reciclagem no dia a dia da alemãozada.

Ah, e toda essa história me fez lembrar na minha infância. Com o carroceiro que passava por São João e fazia ecoar pelas ruas o seu grito de: "Picolé a troco de garrafa!", a reciclagem old-school.

Um comentário:

  1. muito bom, joão! sempre que alguém vai a europa, volta com novidades vivenciadas em TANTOS aspectos que é difícil de transmitir tudo. o legal do seu blog é que a gente vai ouvindo tudo, de pouco em pouco, sem depender de longas conversas quando você retornar hahaha

    continua escrevendo! abraço e sorte!

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